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Vamos cá experimentar uma coisa: instrumentos financeiros e matemáticos!

17 Set

thinking-outside-the-boxO vosso Psiquiatra de serviço está em modo de funcionamento “out of the box” e decidiu imaginar quão bem se aplicam alguns instrumentos financeiros e matemáticos a questões do comportamento e das emoções humanas.

Situação típica – A Sofia:

“Existe uma situação que não suporto no meu trabalho. Todos os dias acontece… O meu superior insiste em dar-me trabalho que sabe que eu gosto menos e afasta-me da minha área de preferência… trabalho no qual sou a melhor pessoa da empresa (até os meus colegas me dizem isso)! Ando tensa, nervosa, de vez em quando fico até às tantas para adormecer… Esta frustração de me porem de parte, na prateleira, corrói-me. Não sei o que fazer.”

Iremos agora aplicar uma análise SWOT para esta situação.

Atribui-se a autoria da análise SWOT a Albert Humphrey, e a data do seu “nascimento” situa-se entre os anos 60 e 70 do século passado. Trata-se de um método de planeamento estratégico, que se utiliza para avaliar um projeto ou negócio através dos 4 itens SWOT:

  • (S) – Forças (Strengths)
  • (W) – Fraquezas e Limitações (Weakness)
  • (O) – Oportunidades
  • (T) – Ameaças (Threats)

Na situação típica nº 1 procedemos então a análise SWOT:

Uma visão mais do “interior, do subjectivo e da forma de reagir da pessoa”
Forças A Sofia é a profissional mais competente para determinado trabalho.Tem o apoio dos seus colegas, que confirmam a adequação da Sofia para este trabalho mais exigente. A Sofia tem vindo a desenvolver um estilo submisso de funcionamento profissional.Dentro desta postura evita conflitos, não exige que seja promovida para o posto que deseja e para a qual tem competência.Tem grandes receios de que a possam despedir. Fraquezas
Oportunidades A Sofia poderá de facto ser uma candidata para a posição que gosta.Irão abrir novas vagas numa questão de meses. A Sofia poderá não ser selecionada por ser tão passiva e com medo de enfrentar conflitos.Existem pessoas com “factor C”, menos aptas, que estão preparados para lhe passar à frente.Receia que não sendo novamente selecionada poderá “entrar em colapso mental”. Ameaças
Uma visão mais objectiva da realidade “externa”

Através da análise desta tabela, conclui-se que nesta situação existem Forças e Oportunidades claras, a Sofia poderá ter um concurso para a vaga que deseja, é uma profissional com essa capacidade reconhecida, mesmo a nível inter-pares.

Existem também Fraquezas e Ameaças claras, que poderão minar a chegada ao objectivo. O estilo submisso, com receios em confrontar os outros, com discurso provavelmente pouco assertivo ou afirmativo, poderá levar os recrutadores a acharem que “ainda não está pronta para o lugar” ou que prefiram os colegas com “factor C” não conseguindo a Sofia valer a sua maior aptidão.

Da análise global vemos que as Forças e as Oportunidades existem e são adequadas, vemos que as ameaças são moderadamente preocupantes, mas sobretudo as Fraquezas saltam à vista como o claro foco de uma necessidade de intervenção.

A Sofia tem um problema sério, não consegue progredir na sua carreira!

Assim definimos ( por alto) um problema a “atacar”.

Vamos agora aplicar técnicas de resolução de problemas matemáticos ao caso:

O problema v2

Pois o problema da Sofia é muito claro: não consegue ser promovida para o posto em que acha ter mais capacidades e que mais gozo lhe daria. Da investigação de factos verificamos que este problema tem que  ver com a sua postura passiva, receio de conflitos e de depreciação pessoal. Podemos especular que a Sofia originou este sistema de estar na empresa actual, após uma situação em que entrou em conflito com um chefe da sua antiga empresa, tendo sido despedida (acha ela) por isso mesmo. Todo este medo e receio de conflitos levou-a adoptar uma postura passiva e a perturbar a sua auto-imagem. Quando tentamos dividir o problema até às suas mais ínfimas secções, focamo-nos no problema inicial “não consegue ser promovida”, mas noutros que surgiram “não consegue falar de forma assertiva com os seus superiores”, “apresenta um receio excessivo de defender as suas posições devido ao medo excessivo de voltar a ser despedida”, “apresenta um elevado mau estar com esta situação actual, até pode “entrar em colapso mental”. Pensando em soluções poderá chegar-se à conclusão que a Sofia precisa de melhorar a forma como se vê a si, como comunica com os outros e sobretudo, a assertividade. A maneira como vai implementar a solução pode ser variada, poderá por exemplo apoiar-se nos colegas para falar com o chefe, poderá tentar fazer algumas actividades que aumentem a confiança em si mesmo antes de falar com o chefe (por exemplo: inscrever-se num desporto de luta), poderá começar a consultar um terapêuta que a ajuda no controlo do stress e da melhoria da comunicação com assertividade. Enfim… muitas linhas de solução podem surgir.

Resta avaliar (depois de feitas). Isto deu resultado? As coisas melhoraram ou pioraram… ou ainda, estão na mesma? Conseguiu resolver o problema inicial (“não consegue ser promovida para o posto em que acha ter mais capacidades e que mais gozo lhe daria”)?

Se sim óptimo, se não algo falhou. Deve voltar a fazer todos os passos da resolução de problemas.

(Acaba aqui o caso da Sofia, a que desejamos claro Boa Sorte e Obrigado por participar neste programa!)

Como vemos podemos aplicar vários “métodos alternativos” (não o são assim tanto) na análise e no tratamento de pacientes com dificuldades comportamentais ou emocionais. A flexibilidade no processo de apoio a pessoas com doença mental é algo de valor tremendo… Por vezes ao falar com os pacientes nas linguagens em que estão habituados (nem sempre é possível infelizmente) conseguem-se mudanças e avanços extraordinários!

Aqui fica o meu “out of the box” nocturno!

Abraços a todos

DG 2013

 
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Publicado por em 17 de Setembro de 2013 em Sem categoria

 

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