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Arquivo da Categoria: Saúde Mental

Complexo de princesa da Disney

Em consulta, uma jovem que sigo disse-me que tinha um síndrome que alguém já deveria ter colocado nas classificações psiquiátricas: o complexo de princesa 👸 da Disney.

Que este “complexo” fazia com que andasse sempre à procura daquele amor seguro ❤️, em que tudo corre como é suposto e acaba feliz para sempre. Mas que os príncipes encantados da vida real acabam sempre por desiludir. Pior que isso, até por a magoar (e abandonar)! 💔

E é injusto 😞, pois ela fazia tudo por estes príncipes… até deixar de ser quem era para os agradar e os deixar felizes.

⚠️ Erro número 1: nós não somos responsáveis pela felicidade dos outros. Mas somos, e muito, pela nossa. 😉

Claro que é possível ajudar “o outro” a ser mais feliz… mas mesmo com todos os esforços isso pode não acontecer, porque a felicidade é algo que se tem de procurar (e estar atento) por si próprio.

Também achava que este príncipes a iriam “salvar”, dos seus traumas, das suas inseguranças ou da sua tristeza. Algo que acabava sempre por acontecer de forma oposta ao desejado: ainda saía mais triste, mais traumatizada, mais insegura.

⚠️ Erro número 2: os “outros” até nos podem ajudar (ou desajudar), mas, em última análise, não precisamos de nenhum príncipe (ou princesa) para nos soltar da terrível torre, onde estamos aprisionados pelo temível dragão (das nossas inseguranças e dificuldades). Cada um de nós tem a chave do castelo e pode sair pela porta da frente de cabeça erguida. 😉

A meu ver, para uma relação afetiva funcionar tem de basear-se em algumas coisas: respeito, honestidade, equilíbrio (não pode haver um salvador e uma princesa indefesa), e, claro, afetos genuínos.

Até podemos encontrar um “príncipe encantado”, mas temos também de encontrar “a princesa encantada” dentro de nós… e não será sempre tudo perfeito (isso é só nos filmes)… e nunca teremos a certeza que seremos “felizes para sempre”. Mas se formos honestos, se praticarmos uma boa comunicação, se nos valorizarmos, se tratarmos bem de nós (e, consequentemente, dos outros), pode acontecer a “magia”. 👫👭👬

Abraços

Diogo Guerreiro

PS: Para quem quiser aprofundar mais este tema aconselho o livro “Psicanálise dos contos de fadas” do autor Bruno Bettelheim.

 

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O psiquiatra e o barbeiro

Convido-vos a ler o mais recente artigo que escrevi:

https://visao.sapo.pt/opiniao/ponto-de-vista/2022-06-03-o-psiquiatra-e-o-barbeiro/?amp

Abraços e bom fim‑de‑semana

Diogo Guerreiro

 

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Save the date: 4/Junho, 11h

🗓 No próximo sábado estarei na festa do livro de Belém, dia 4/Junho, pelas 11h (para começar bem o dia), com a Carmen Garcia (aka @maeimperfeita), numa conversa sobre Saúde Mental 🧠 e Imperfeições! 😅

👉 Vai ser, com certeza, um momento bem divertido e, talvez, se fale de um ou outro assunto mais sério.

Vamos ver o que acontece quando se junta uma mãe (e enfermeira) 🧑‍⚕️imperfeita a um psiquiatra (e pai) 👨‍⚕️imperfeito. Está-se mesmo a ver: uma coisa mesmo “mal-amanhada”. Mas, na realidade, até que pode correr bem (ou não)… mas nada como estar lá para ver! 😉

E, claro, estarei disponível para dedicatórias e autógrafos do meu livro: “E quando não está tudo bem? Como (re)conhecer e agir na ansiedade e na depressão”. ✍️

Para além disso, os Jardins do Palácio de Belém são lindos e já tínhamos saudades desta iniciativa do nosso presidente Marcelo Rebelo de Sousa. 🇵🇹👍 (desde 2019 que, devido à pandemia, não tínhamos esta oportunidade de lá celebrar a cultura e os livros)!

Encontro-vos lá?

Abraços

Diogo Guerreiro

 

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Recuperado e de volta!

Após 6 vagas de covid, lá apanhei o bicho 🦠🤒. Felizmente, parece que as vacinas funcionam bastante bem e apenas tive sintomas ligeiros, estando no bom caminho para uma recuperação total 😀.

Cumprir a semana de isolamento foi algo desafiante, com miúdos em casa, uns positivos, outros negativos… mas lá se foi gerindo e estamos todos bem.

❗️Mas, de qualquer modo, aconselho todos a protegerem-se deste vírus pois, por vezes, isto não corre assim tão bem. ❗️

Esta paragem forçada no trabalho até teve alguns pontos positivos: li, estudei, escrevi, vi uns bons filmes, recuperei horas de sono e fui gerindo algumas situações dos meus doentes através dos meios digitais (teleconsultas, email, prescrições on-line), que tanto facilitam a vida nos dias de hoje (ainda sou do tempo em que os médicos prescreviam receitas à mão, com vinhetas e carimbos e claro… com letra ilegível que só os farmacêuticos percebiam) 👨‍⚕️😅.

Regresso esta quinta às consultas presenciais.

Até breve, abraços e Obrigado pelos desejos de melhoras. 🙏

Diogo Guerreiro

 

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A depressão tem “muitas caras”

Por vezes é fácil perceber que alguém está deprimido pela sua face, expressões ou postura. 😔🥺

Mas, nem sempre! Muitas pessoas que sofrem de depressão aprenderam a “disfarçar” e tantos utilizam “máscaras” para fingir que “está tudo bem”. 🙂🤨

⚠️ Ora, isto é apenas uma nota para não caírem na tentação de dizer a alguém, que vos diz estar a passar por um mau bocado, algo do género: “Mas tu pareces ótimo… não deve ser assim tão grave…”.

⚠️ Mas também para quem coloca “estas máscaras” eu deixo um conselho: se possível não o façam! Eu percebo as razões que motivam a fazer isto, mas o gasto de energia que é preciso para alguém deprimido por uma cara feliz e/ou agir como se não fosse nada é brutal! E toda a energia que sobra quando se está em baixo, que não é muita, deve ser dirigida para a sua própria recuperação e autocuidado. Baixar a máscara até pode ser útil para as pessoas próximas: para que percebam e possam ajudar.

Um abraço a todos.

Diogo Guerreiro

 

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É tão bom ver o livro que escrevi a fazer o seu caminho…

De vez em quando ele encontra-se comigo, ou eu com ele, numa livraria, numa conversa, num paciente que me pede para o assinar. São momentos em que sinto imensa gratidão por ter tido esta oportunidade e pela recepção tão positiva que tem tido.

É cada vez mais importante que se fale abertamente sobre saúde mental, sobre as alturas em que não está tudo bem, em como podemos prevenir ficar doentes e como ser ajudados de forma eficaz. Acho que este livro é um pequeno contributo para esta abertura, para a discussão aberta de saúde e doença mental e para a quebra de estigmas e preconceitos.

👉 Se já leram, enviem as vossas opiniões, digam se foi útil. Nestas coisas dos livros nacionais é muito importante (e difícil) a divulgação, por isso fico-vos grato se o avaliarem nas plataformas dos livreiros (wook, Fnac, Bertrand, etc.) ou no Goodreads.

Conto convosco para chegar à 3a edição e estarmos todos cada vez mais à vontade e atentos para estes temas. Porque isto da depressão e ansiedade não são situações raras, pelo contrário!

Não há saúde sem saúde mental. 🧠💪

Abraços 🙏

Diogo Guerreiro

📖 “E quando não está tudo bem? Como (re)conhecer e agir na ansiedade e na depressão”, publicado em Dezembro de 2021 pela Ego Editora. Com prefácio do Professor Daniel Sampaio e ilustrações do Luís Santos.

 

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Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada

        Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

        No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

14-2-1933, Ricardo Reis/ Fernando Pessoa

 

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Ser encontrado e encontrar-se

Gosto tanto desta frase do psicanalista britânico Donald Winnicott (1896-1971):

Para Winnicott, cada ser humano tem um potencial inato para crescer de forma saudável, ter maturidade emocional e capacidade de integração. No entanto, o facto desta tendência ser inata não garante que isto aconteça de facto. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça os cuidados e atenção que cada um precisa. Estes cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responde ao ambiente de forma individual, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.

E cabe a cada pai, mãe ou cuidador, saber encontrar estas necessidades, pelo menos de forma suficientemente boa (pois perfeitamente, sem erros, não é possível).

Também nos cabe a nós, como adultos, sermos suficientemente bons para nós próprios.

Tão atual. 🧠💪❤️

Abraços
Diogo Guerreiro

 

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Livro: “Gente ansiosa”

Acabei, recentemente, este livro 📖. Não conhecia o autor, Fredrik Backman, mas fiquei com vontade de ler os seus outros romances.

“Gente ansiosa” é uma história altamente criativa, com personagens incríveis e cheia de momentos surreais. É sobre assaltos a bancos, reféns, ansiedades, fogos de artifício e, claro, idiotas.

Fala também de coincidências e de como perfeitos desconhecidos podem ter tanto em comum.

Aconselho vivamente esta leitura, de que vos deixo um excerto que gostei particularmente:

“Talvez nos tenhamos cruzado hoje, com pressa no meio da multidão, sem darmos por isso, e as fibras do seu casaco roçaram no meu por um instante fugaz, e seguimos caminho. Eu não sei quem você é. Mas quando chegar a casa mais logo, quando o dia terminar e a noite se instalar, pare e respire fundo. Porque nós também chegámos ao fim deste dia. E amanhã haverá outro.”

Abraços e boas leituras 😉

Diogo Guerreiro.

 

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A importância do chão

Por vezes não sentimos, mas estamos sempre a ser empurrados para baixo.

Seja a escalar uma montanha, a deslizar num skate, a subir no elevador…. estamos sempre a ser empurrados para baixo.

Os cientistas chamam a isto a lei da gravidade. “Do ponto de vista cosmológico, a gravidade faz com que a matéria dispersa se aglutine, e que essa matéria aglutinada se mantenha intacta”, diz-me a Wikipédia.

Talvez daí o chão seja por onde se inicia a construção de uma casa, nas fundações, nos alicerces. Afinal, queremos que a nossa casa permaneça intacta e sólida.

Acho que ao nosso ser as leis de Newton também se aplicam. O quotidiano pesa-nos, o crescimento pesa, uma discussão parece impelir-nos para as profundezas da terra.

Penso muito nisto do chão, sobre a segurança (ou insegurança) a ele inerente. Mas o que é o “chão” do nosso “ser”?

Aqui as coisas complicam-se.

Será a segurança de saber que temos valor próprio? Será o saber que com a nossa força, com o nosso corpo, podemos desafiar a gravidade? Será o saber que somos amados?…

O chão é abstrato ou algo concreto? Poderemos mensurar se estamos a pisar um terreno sólido ou a cair em areias movediças?

À procura da segurança se descobrem muitas das nossas inseguranças. Talvez o chão seja simplesmente o chão, afinal, nunca se ouviu falar de alguém que tenha sido absorvido para o centro da terra porque, magicamente, tenha desaparecido um pedaço da crosta terrestre.

Há pessoas que têm sonhos recorrentes em que se sentem a cair, numa queda sem fim. Provavelmente, representando a sua própria insegurança em relação a si mesmos.

Como encontrar a tranquilidade de saber que pisamos terreno sólido? Se calhar não faz sentido a questão em si. Ou talvez a resposta seja: o chão varia, o nosso ser varia, os contextos variam. Mas não iremos, com certeza, ser absorvidos pelo vácuo.

Poderá ser que a tranquilidade e a segurança advenham de aceitar as coisas como são. Afinal a “matéria aglutinada mantém-se intacta”.

Se não pensarmos na gravidade não a sentimos. E o peso dissipa-se, o chão fica mais sólido… talvez sempre o tenha sido.

Diogo Guerreiro

 

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