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Arquivo de etiquetas: O misterioso cérebro

E que tal um livro no natal?

Eu, pessoalmente, adoro receber livros: romances, ensaios, BD, divulgação científica, tanto faz! É tão bom o cheiro de um livro novo (e não me venham dizer que num tablet é a mesma coisa 🧐)!

🎄📚”E quando não está tudo bem? Como (re)conhecer e agir na ansiedade e na depressão”, está quase a fazer um ano desde o seu lançamento. 🎉🥳

Porque o saber não ocupa lugar e sem saúde mental não há saúde.

👉 Pode encontrar numa livraria perto de si, on-line ou em ego editora (ou noutras plataformas como a wook ou a Bertrand)

🙏 Mais uma vez agradeço a ótima recepção que este meu projeto tem tido, assim como todos os feedbacks e divulgação.

Abraços
Diogo Guerreiro

 

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Ser encontrado e encontrar-se

Gosto tanto desta frase do psicanalista britânico Donald Winnicott (1896-1971):

Para Winnicott, cada ser humano tem um potencial inato para crescer de forma saudável, ter maturidade emocional e capacidade de integração. No entanto, o facto desta tendência ser inata não garante que isto aconteça de facto. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça os cuidados e atenção que cada um precisa. Estes cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responde ao ambiente de forma individual, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.

E cabe a cada pai, mãe ou cuidador, saber encontrar estas necessidades, pelo menos de forma suficientemente boa (pois perfeitamente, sem erros, não é possível).

Também nos cabe a nós, como adultos, sermos suficientemente bons para nós próprios.

Tão atual. 🧠💪❤️

Abraços
Diogo Guerreiro

 

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Numa livraria perto de si.

É uma experiência curiosa, quando encontramos o livro que escrevemos numa livraria.

E ali estão vários meses de estudo, investigação e escrita… decisões, paginações, designs, revisões, edições. Tanto trabalho e dedicação que se compactam num pequeno objeto, pronto para ser folheado por qualquer transeunte destas lojas e, quem sabe, embrulhado em papel de natal.

Será que essa pessoa irá achar interessante? Será que vai gostar? Será útil? Irá compreender a mensagem que tento passar?… São estas as perguntas que me vão surgindo e que, imagino, sejam as comuns a todos os autores de livros.


Para já ainda é cedo, ainda poucas pessoas leram o meu livro. Mas estou muito interessado em saber as vossas opiniões. Digam-me se gostaram e se sentiram que foi útil.

Abraços

Diogo Guerreiro 2021

 

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Saúde mental

Um pequeno excerto do livro “E quando não está tudo bem?“, da minha autoria e que em breve estará disponível nas livrarias:

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a Saúde Mental como “um estado de bem-estar em que o indivíduo consegue utilizar as suas capacidades, enfrentar os stressores normais da vida, trabalhar produtivamente e contribuir para a sua comunidade“. Uma boa saúde mental promove a nossa realização pessoal, permite-nos pensar e sentir livremente, amar sem restrições, tirar prazer da nossa profissão e tomar decisões de forma autónoma. Facilita as nossas relações com os outros e, sobretudo, permite-nos apreciar e usufruir da nossa vida.

A saúde mental é muito mais do que a ausência de doenças ou deficiências mentais. Não é algo estático, nem uma característica inata ao nascimento ou que permaneça sempre igual ao longo do tempo. Tal como uma planta de que cuidamos, precisa de ser nutrida, cuidada e protegida, de forma a crescer de forma sustentada, ganhando flexibilidade e força para aguentar os embates negativos que a realidade impõe. Por vezes, vemos esta “planta” mais saudável, mais frondosa ou mais bonita… noutras alturas, passamos por sustos, por momentos de doença, em que a beleza se perde ou em que o crescimento se atrasa. Mas tudo está em constante mudança e as possibilidades são infinitas (saber isto é especialmente importante quando passamos por uma doença mental).

DG 2021

 

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Dicas para manter uma boa Saúde Mental

Uma imagem (com poucas palavras 😉) vale mil palavras. Recomendações da OMS.

Abraços a todos.

DG 2021

 

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Livro: “O Cérebro – À Descoberta de Quem Somos”

David Eagleman é um neurocientista da Universidade de Stanford nos EUA, que tem o dom de explicar de forma simples coisas altamente complexas.

Li recentemente o seu livro, editado em português pela Lua de Papel.

Posso dizer que “devorei” este livro em dois dias. Gostei imenso da forma de escrita e de como décadas de avanços no estudo do cérebro são resumidas em menos de 200 páginas!

As informações são exatas e apresentadas de forma divertida. O último capítulo é mais especulativo, mas não deixa de ser uma perspectiva muito interessante (em relação ao que o futuro nos reserva nesta área).

É perfeitamente acessível a adolescentes mais velhos (e até faz parte do nosso Plano Nacional de Leitura), podendo servir de base para boas (e pedagógicas) conversas entre família.

Fica aqui a sugestão de leitura.

Boas leituras e boa saúde mental… e, já agora, ler faz maravilhas pelo nosso cérebro.

Abraços

DG

“Porque vemos em câmara lenta em situações de grande tensão? Vemos mesmo a cores? Porque é que diferentes pessoas recordam de maneiras distintas o mesmo acontecimento? A resposta, claro, está toda no cérebro. E o autor mergulha com uma contagiante paixão nos seus mistérios, numa fascinante viagem ao nosso cosmos interior. Explica-nos como tomamos decisões, embarca connosco em desportos radicais, analisa expressões faciais ou erros da justiça e procura responder a questões maiores: Quem somos? O que é a realidade?Uma obra-prima de divulgação científica, com tudo o que de essencial se conhece hoje sobre o cérebro. Quando acabar de ler o livro, vai perceber que o mundo que pensa existir lá fora, afinal só existe dentro de si.”

 

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Dia Mundial da Saúde Mental 10-10-2020

Hoje celebra-se o dia mundial da Saúde Mental. Um dia de reflexão sobre o muito que existe para fazer para combater o estigma e o preconceito, para que mais pessoas tenham acesso a serviços de qualidade para vencer as doenças que mais peso têm para a sociedade.

O que é a Saúde Mental? 🧐

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere“.

Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspecto vinculado ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com esta perspectiva positiva, a OMS convida a pensar na saúde mental muito para além das doenças e das deficiências mentais.

Mais informação aqui: https://reflexoesdeumpsiquiatra.com/2016/10/21/promocao-da-saude-mental-e-prevencao-das-doencas-mentais/

#diamundialdasaúdemental #mentalhealthawareness #mentalhealthmatters #saudemental

 

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Novas tecnologias e psicopatologia

Recentemente pediram-me para falar sobre o tema “novas tecnologias e psicopatologia“, nas jornadas de Psiquiatria do Hospital Garcia de Orta. Realmente é um tema muito atual, desafiante, mas também extremamente complexo e extenso… Só refletir no que são “novas tecnologias” me deixou intrigado. Tanto como estudar a sua relação com a saúde (ou, neste caso, a doença) mental. Mas aceitei o desafio e lá estive esta semana a apresentar algumas coisas que estudei.

Novas tecnologias vs cérebro velho

As grandes conclusões são que as novas tecnologias são parte integrante do ecossistema em que os seres humanos habitam e que, sem dúvida, influenciam o nosso cérebro… talvez mesmo ao ponto de o eventualmente modificar! Que apesar das “novas tecnologias” estarem ainda a “anos-luz” das maravilhas que o nosso cérebro consegue fazer, elas evoluem a um ritmo impressionante e, é verdade, que o nosso “velho cérebro” (que demorou muitos milhões de anos a evoluir para a forma como se encontra hoje) poderá ter algumas dificuldades em se adaptar às mesmas.

Mas, na realidade, como em tudo o que se passa na nossa vida, o risco de “as novas tecnologias” nos deixarem “doentes” depende da forma como são utilizadas e dos mecanismos que utilizamos para nos defendermos. E que, aparentemente (digo isto porque não houve ainda tempo suficiente para responder a todas as questões), as “novas tecnologias” tanto podem trazer benefícios como malefícios.

Gostaria também de partilhar este conhecimento com os leitores do blog e da página de facebook. Portanto, aqui fica a apresentação, esperando que gostem e que vos seja útil para refletir sobre esta temática.

A pensar e a refletir.

DG 2019

 

 

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Dependências de jogos online: mito ou verdade?

Isto tem sido um assunto alvo de imenso debate na sociedade científica (e não só). Recentemente, participei num artigo da revista notícias magazine, que tentava sintetizar este tema.

Gostava, no entanto, de expandir um pouco mais a minha opinião.

A perturbação do jogo online (ou “internet gaming disorder“) é uma entidade diagnóstica altamente controversa (ver discussão neste link) e cujos critérios diagnósticos e eventuais terapêuticas propostas, ainda estão em aceso debate. Segundo a DSM-5, classificação utilizada nos EUA, trata-se de uma “entidade para prosseguir a investigação”. Já a Organização Mundial de Saúde, incluirá esta questão como “perturbação”, na sua classificação CID-11, sob o nome “gaming disorder” (ver link).

Mas será comparável à dependência de drogas?

Para mim, penso tratar-se de algo totalmente diferente da dependência de drogas (no sentido mais “tradicional do termo”). Na realidade, quando falamos de drogas, estamos a falar de substâncias externas que interferem diretamente no nosso cérebro e que, diretamente, têm mecanismos que levam à dependência dessa substância (ex: heroína, nicotina, álcool, etc.). As dependências “comportamentais”, ou seja, em que comportamentos e estímulos (que no dão prazer) levam à libertação de substâncias endógenas (naturalmente existentes no nosso cérebro) são, para todos os efeitos, diferentes em termos de mecanismo. Os jogos online, especialmente aqueles que rapidamente nos dão prazer e de forma repetitiva, a chamada “recompensa imediata”, levam à excitação dos nossos centros de prazer e recompensa cerebrais e o ser humano biologicamente está preparado para procurar recompensa e prazer para sobreviver como espécie. Afinal, é isto que nos leva a querer ter sexo, a comer uma boa refeição, a procurar prazer em locais, atividades, arte.

Apesar da perturbação do jogo online ser ainda alvo de debate, não há dúvida que certas pessoas estão mais suscetíveis para criar uma “dependência” de certos jogos (tal como existem dependências de jogos de apostas ou ao nível de comportamento sexual). No entanto, estas pessoas são uma minoria das pessoas que joga online. Nos milhões de pessoas que jogam online, apenas uma pequena percentagem apresenta sinais de dependência, se compararmos com a quantidade de pessoas que experimenta uma droga, seja heroína ou nicotina, a percentagem de pessoas que desenvolve uma dependência é muitíssimo maior. Apesar de se falar muito nos jovens, a propósito deste tema, não se trata de um questão apenas desta faixa etária (adultos vulneráveis também podem apresentar esta dependência).

Mas voltando à pergunta que dá título ao post: de facto, existem pessoas que apresentam sintomas de abstinência quando impedidos de jogar online (em muito semelhantes aqueles apresentados pelos utilizadores de drogas quando impedidos de a elas aceder). Os sintomas típicos da “abstinência” são: irritabilidade, tristeza, ansiedade, deixar de fazer outras atividades importantes e de que gostava para ficar a jogar, mentir aos membros da família sobre o tempo passado a jogar, usar o jogo para aliviar estados de espírito negativos e, apesar de saber das consequências negativas, incapacidade de controlar o tempo de jogo.

Quais os sinais de alerta (aqui sobretudo para os pais), para que um comportamento excessivo não passe a um verdadeiro vício?

Os pais devem estar atentos ao tempo e atividades dos filhos online. Deverão ser estabelecidas regras firmes acerca de horários e tipos de jogos adequados, e isso varia de família para família. Alguns sinais de alarme devem levantar preocupação imediata, tais como, quebra de rendimento escolar e desinteresse por outras atividades (como estar fisicamente com amigos, deixar hobbies ou desporto), reduzir o número de horas de sono para estar a jogar, ficar agressivo ou irritável de forma constante e/ou prolongada sempre que impedido de jogar (por ser o que foi previamente combinado como regra ou, simplesmente, por um imprevisto).

Caros pais preocupados, uma das coisas que parece estar associada ao risco de dependência de internet ou jogos online é, exatamente, o que se passa na família. Leiam este artigo. Em suma, o ambiente em casa, a capacidade de expressar afetos e comunicar, a capacidade de disciplinar sem autoritarismo, parecem todos contribuir para um maior ou menor risco do jovem cair numa dependência deste género.

Como se poderá eventualmente tratar?

Nada está estabelecido sobre o papel da terapêutica farmacológica. Se o jovem sofrer de uma perturbação de ansiedade ou uma depressão, que poderá ser um dos motivos de vulnerabilidade, poderá aí estar indicada a terapêutica farmacológica (ou não, depende). Tendo em conta tratar-se de um problema comportamental, provavelmente o mais indicado é uma psicoterapia com ênfase cognitivo-comportamental; eventualmente, com adolescentes, trabalhar com a família também será obrigatório.

Então e o “fortnite”?

Este jogo em particular – o fortnite – captou a atenção dos jovens e, segundo parece, em idades mais precoces, sendo a uma “última moda”… mas já antes observámos isto com outros jogos online.

A meu ver, em comum, estes jogos estão muitíssimo bem feitos para o seu propósito (que é basicamente manter uma comunidade de jogadores cada vez maior ligada ao seu jogo e, muitas vezes, a investir financeiramente no mesmo – ou seja, em viciar). Deteto no fortnite (como noutros jogos semelhantes) alguns fatores que possam contribuir para algumas mecânicas de adição: ser um jogo rápido, de fácil aprendizagem, e que quer se ganhe ou não, é divertido e dá prazer… portanto uma fonte ilimitada de recompensa imediata, de que o nosso cérebro tanto gosta. Para além disso, mistura vários componentes de jogos de sucesso num só “pacote”: construção, jogar às escondidas, estratégia ou simplesmente “andar aos tiros”. Tem um aspeto muito apelativo, e que varia ao longo do tempo, inclusivamente, tem “temporadas” tal como as séries de televisão, em que pequenas coisas mudam, levando a que perca o potencial de monotonia e, portanto, mantém sempre uma recompensa se se continuar a jogar. E, por fim, um fator muito importante, é um jogo social (os jovens encontram-se e combinam jogar com amigos), mantendo uma interação em casa com os amigos do exterior, algo também muito prazeroso e que dá mais uma recompensa.

Em suma, os mecanismos de adição comportamentais giram à volta do mesmo: recompensas e prazer imediatos, de fácil acesso e aprendizagem; e o nosso cérebro é ótimo a procurar repetir aquilo que nos faz sentir bem e a evitar o que nos faz sentir mal. É como se os programadores tivessem estudado a neurobiologia do cérebro e tivessem criado um produto, que apesar de não interferir de forma não natural (como as drogas) nos circuitos cerebrais de prazer e recompensa, os estimula de uma forma “natural” e extremamente completa… daí o risco de adição, especialmente nos jovens mais vulneráveis (aqueles com menos fontes de prazer, os mais isolados, com mais dificuldades na comunicação familiar, os com auto-estima mais frágil, ou mesmo, aqueles com personalidades mais vincadas no aspeto da procura de prazer imediato).

Em suma, sim acho que há verdade na dependência de jogos online (mas, felizmente, isto ocorre apenas numa minoria dos casos).

Se acharem que isto se poderá estar a passar com algum vosso conhecido, procurem ajuda. Em Lisboa, existe no Hospital de Santa Maria a unidade de atendimento a utentes com Utilização Problemática de Internet (NUPI).

Abraços
DG 2019

PS: Artigo completo do notícias magazine (link)

 

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Ai a minha memória!… Algumas dicas sobre Défice Cognitivo Ligeiro

Saiu este mês uma artigo científico importante relacionado com a temática do Défice Cognitivo Ligeiro:Practice guideline update summary: Mild cognitive impairment. Report of the Guideline Development, Dissemination, and Implementation Subcommittee of the American Academy of Neurology” (disponível de forma integral aqui) Este estudo focou-se nas questões de prevalência, transição para demência e eficácia das várias intervenções (farmacológicas e não farmacológicas).

Sobre isto, deixo algumas informações em forma de perguntas e respostas.

the-persistence-of-memory.jpg

Salvador Dalí – A Persistência da Memória (1931)

Antes de mais, o que é o Défice Cognitivo Ligeiro (DCL)?

O DCL é uma condição em que o indivíduo apresenta declínio de uma ou mais funções cognitivas (como por exemplo: memória, linguagem, atenção, planeamento executivo, etc.), mas com consequências mínimas para a sua vivência diária. Para o seu diagnóstico é necessário a presença de queixas subjetivas, mas também de uma avaliação objetiva, preferencialmente através de uma avaliação neuropsicológica (que nos dá indicação da extensão do défice e das áreas afetadas).

Porque é que isto interessa?

O DCL pode ser uma forma de apresentação precoce de uma demência (como por exemplo: doença de Alzheimer), embora também possa ser secundário a várias patologias neurológicas, psiquiátricas, doenças sistémicas ou mesmo, a efeitos adversos de certos medicamentos.

Quando não se deteta nenhuma causa secundária que se possa tratar (e isto já é muito importante pois a tendência destes casos é para o agravamento), sabemos que pacientes com DCL são um importante grupo de risco para quadros de demência (situação de défice cognitivo grave, em que a vida diária fica profundamente afetada e, na maioria dos casos, de forma irreversível).

É comum?
Sim. Aumentando a frequência com a idade e sendo mais comum em pessoas com menor grau educacional. Este estudo agrupou vários dados e chegou à seguinte estimativa de prevalência:

  • 60–64 anos: 6.7%
  • 65–69 anos: 8.4%
  • 70–74 anos: 10.1%
  • 75–79 anos: 14.8%
  • 80–84 anos: 25.2%

E quantos casos evoluem efetivamente para demências?

Segundo os dados deste estudo, todos os pacientes com diagnóstico de DCL tem um maior risco de progressão para demência que pessoas com a mesma idade e sem este diagnóstico. Cerca de 15% dos indivíduos com mais de 65 anos e DCL, no espaço de seguimento de 2 anos, evoluíram para um quadro demencial. Apresentando um risco relativo de demência (incluindo doença de Alzheimer) cerca de 3x superior às pessoas sem DCL.

No entanto, alguns casos revertem (ao contrário do que acontece nas demências), ficando sem padrão de défice cognitivo, tendo sido estimado que isto acontece entre 14 a 50% das pessoas.

Infelizmente, apesar de muitos desenvolvimentos na investigação nesta área, ainda não existem biomarcadores que possam prever com precisão quais os doentes que irão evoluir para demência (pelo que análises ou exames de imagem ainda não são úteis para este efeito).

E afinal, o que pode ajudar?

É muito importante a avaliação precisa do caso e a sua monitorização ao longo do tempo (afinal estamos a falar de um grupo de risco para doenças graves). Também muito importante é modificar fatores de risco que são os mesmos para DCL ou para Demências, nomeadamente:

  • Fatores de risco cardiovasculares: sedentarismo, tabagismo, alterações do metabolismo do açúcar (controlo da diabetes), alterações do metabolismo dos lípidos (dislipidémias).
  • Fatores relacionados com o sono: as perturbações do sono estão muito relacionadas com estes quadros (ler mais sobre a importância de uma boa noite de sono)
  • Diagnóstico e tratamento da depressão: a depressão não tratada está associada também a défices cognitivos e a um risco maior de DCL e demência.
  • Rever medicamentos que possam interferir com a cognição.
  • Fatores dietéticos: muitos idosos apresentam uma nutrição com falhas que poderá estar associada a pior prognóstico. Uma alimentação diversificada, incluindo vegetais, fruta e peixe, é fundamental.

Infelizmente nenhum medicamento (incluindo os medicamentos utilizados nas demências) demonstrou ser eficaz para a prevenção da evolução para demência.

Por outro lado, algumas estratégias não farmacológicas, mostraram resultados muito promissores (ao nível de ajudarem na prevenção), nomeadamente duas:

  • Exercício físico regular.
  • Treino cognitivo.

Ou seja, mais uma vez a velha máxima mente sã em corpo são se aplica, não sendo demais salientar a importância do desporto (estimular o corpo) e de treinar o cérebro (estimular o mente).

Abraços

DG 2018

 

 

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