Um espaço de pensamento e ideias pessoais acerca de saúde mental, quotidiano, crises e alegrias. Por Diogo Guerreiro, Médico Psiquiatra e autor do livro “E quando não está tudo bem?”.
O meu livro “E quando não está tudo bem: como (re)conhecer e agir na ansiedade e depressão” já está na sua segunda edição!
Parece que esta boa recepção traduz a necessidade de compreenderemos o que é isto de estar ansioso ou deprimido e, sobretudo, de como reagir perante estas situações, assim como encontrar formas de prevenir e de saber como lidar.
Fico contente com este sucesso e com o facto de poder ajudar as inúmeras pessoas que contactam com estes problemas.
É habitual existir a expectativa que a época natalícia é, por si, uma altura feliz. Afinal é uma altura de celebração, de recomeços, de proximidade com as pessoas de quem gostamos. Mas, isto não corre sempre de acordo com o esperado. Sentir-se mais deprimido (ou ansioso) no Natal é algo, efetivamente, frequente.
Existem várias razões pelas quais isto pode acontecer, todo o rebuliço e stress desta altura, as mensagens constantes de felicidade (no matter what), o suposto reaproximar de amigos e familiares, podem colocar pressão acrescida em pessoas que estão em estado de fragilidade. Ou porque se sentem estranhos por “estar toda a gente feliz e eu não”, ou porque a angústia ou solidão que sentem é ainda mais vincada nesta fase… Isto pode acontecer apesar de não estarem nestes momentos sozinhos, muitas vezes sentir-se só na presença dos outros é uma experiência terrível.
Não nos podemos esquecer que os lutos, as separações ou as perdas não respeitam datas festivas. Tal como quando se está a sofrer de uma depressão ou de outra perturbação mental, é mesmo difícil sentir-se “feliz como é suposto”.
Quando se está deprimido ou ansioso é difícil aproveitar as ocasiões festivas. Não é possível forçar-se alguém (nem a si mesmo) a “estar bem”.
Algumas coisas podem ajudar:
Manter o autocuidado, tomando bem conta da sua saúde física e mental.
Aceitar que as coisas são como são. Se este ano não se sente assim tão bem, não faz mal.
Tente combater a solidão. Prefira a companhia de pessoas com quem se possa sentir à vontade, que saibam o que está a passar e com que pode partilhar este momento sem que se force a colocar a “máscara de está tudo ótimo”.
O álcool é um depressor, não se esqueça disso e consuma-o com moderação.
Luz solar, desporto, meditação, são estratégias que podem ajudar. Que tal um passeio na natureza nesta época festiva?
Liberte-se de expectativas, de procurar ter tudo perfeito ou de agradar a toda a gente.
Dê a si mesmo uma prenda de natal. Uma coisa ou uma atividade que seja algo que goste realmente.
Aproveito para desejar umas boas festas e uma serena entrada em 2022 a todos os seguidores deste blog.
É uma experiência curiosa, quando encontramos o livro que escrevemos numa livraria.
E ali estão vários meses de estudo, investigação e escrita… decisões, paginações, designs, revisões, edições. Tanto trabalho e dedicação que se compactam num pequeno objeto, pronto para ser folheado por qualquer transeunte destas lojas e, quem sabe, embrulhado em papel de natal.
Será que essa pessoa irá achar interessante? Será que vai gostar? Será útil? Irá compreender a mensagem que tento passar?… São estas as perguntas que me vão surgindo e que, imagino, sejam as comuns a todos os autores de livros.
Para já ainda é cedo, ainda poucas pessoas leram o meu livro. Mas estou muito interessado em saber as vossas opiniões. Digam-me se gostaram e se sentiram que foi útil.
É com imenso prazer que divulgo o lançamento do livro que escrevi, intitulado: “E quando não está tudo bem? – Como (re)conhecer e agir na ansiedade e na depressão”.
Foi um desafio que me deu muita satisfação (e trabalho também) e que espero que vos desperte o interesse. Lançado pela Ego Editora (a quem agradeço a confiança), contando com as ilustrações de Luís Santos (um grande amigo) e com o prefácio do Professor Daniel Sampaio (uma das minhas grandes referências).
Uma das mensagens principais do livro é esta: É possível ficar bem, mesmo quando se passa por uma fase em que “não está tudo bem”.
Deixo-vos o índice, para ficarem com ideia do “esqueleto” do livro:
Prefácio – “Escuridão visível” 1. “E quando não está tudo bem?” – uma introdução 2. Saúde mental e bem-estar 2.1. Porque é tão difícil falar sobre saúde e doença mental? 2.2. Mente sã em corpo são 3. E quando ficamos ansiosos? – a ansiedade 3.1. “Não consigo respirar!” – a Perturbação do Pânico 3.2. “Perto disso, nem pensar!” – as Fobias Específicas 3.3. “O que é que vão pensar sobre mim?” – a Fobia Social 3.4. “Estou sempre nervoso.” – a Perturbação de Ansiedade Generalizada 3.5. “Não consigo evitar…” – a Perturbação Obsessivo-Compulsiva 3.6. “Fui ao Inferno… e ainda não voltei.” – a Perturbação Pós-Stress Traumático 4. E quando ficamos deprimidos? – a depressão 4.1. “Será só tristeza?” – a Depressão Major 4.2. “Aos altos e baixos.” – a Doença Bipolar 5. Prevenir a doença mental 6. Tratar a doença mental 6.1. Como se tratam as Perturbações de Ansiedade e a Depressão? 6.2. Os medos e a realidade das consultas de psiquiatria 6.3. Como ajudar alguém com doença mental 7. Autolesão e suicídio – conhecer os sinais, saber o que fazer 8. Umas Palavras finais
Ao longo da minha escrita tive dois grandes objetivos: querer que o leitor fique com uma noção mais realista do que são estas perturbações mentais (tentando ao máximo desmontar alguns dos mitos mais frequentes) e criar uma noção de empoderamento relativa à área da Saúde Mental (é possível fazer muito pelo nosso bem-estar mental, é possível criar bons hábitos, prevenir a doença e tratar as situações clínicas).
Espero, sinceramente, que gostem do que escrevi, mas mais do que isso, espero que esta minha partilha seja útil e, quem sabe, possa trazer uma maior tranquilidade em alturas mais desafiantes.
Já passaram uns bons meses desde a última vez que escrevi aqui no blog… Tem sido um ano agitado, com muito trabalho e algumas atribulações. E, na realidade, a escrita sobre estes temas da saúde mental não tem parado; apenas assumiu uma nova forma.
Ao longo de vários meses tenho dedicado o meu tempo, entre consultas e família, à escrita de um livro focado nas temáticas da ansiedade e da depressão (mas não só!). Espero seja publicado em breve e que seja útil para as pessoas que se confrontam com estas questões, tão prementes nos dias de hoje.
Escolhi um título algo provocador “E quando não está tudo bem?”. Evocando aquela clássica pergunta “está tudo bem?”, que todos os dias fazemos quando cumprimentamos alguém, mas que raramente esperamos que seja respondida com sinceridade. Por vezes não está tudo bem, especialmente quando se está a lidar com problemas de saúde mental (nossos ou de outros que nos são queridos).
É tão importante estar à vontade para falar dos momentos em que não se está bem, tanto como das alturas boas. Todos somos seres humanos, todos temos momentos de fragilidade e vulnerabilidade. Mas, na prática, muitos de nós agem como se mostrar este nosso lado fosse algo vergonhoso. Não é! Partilhar os nossos problemas com alguém é um ótimo passo para resolvê-los. Pedir ajuda quando não está tudo bem deve ser encorajado e não visto como um sinal de fraqueza… a meu ver, é algo muito corajoso.
“E quando a tempestade tiver passado, mal te lembrarás de ter conseguido atravessá-la, de ter conseguido sobreviver. Nem sequer terás a certeza de a tormenta ter realmente chegado ao fim. Mas uma coisa é certa. Quando saíres da tempestade já não serás a mesma pessoa. Só assim as tempestades fazem sentido” Haruki Murakami, in ‘Kafka à Beira-Mar
Diariamente ouço histórias de solidão, de saturação e de preocupação com o futuro.
Estamos cansados, pudera. Só queremos saber quando isto acaba, quando podemos voltar à nossa vida.
Vejo que valorizamos coisas simples, tomar um café na rua, beber um copo com um amigo, sossegar num jardim público, levar as crianças a andar de baloiço… por um lado, esta pandemia, levou-nos a por as nossas prioridades em ordem. Por outro, é uma tempestade emocional.
Quem sabe, quando sairmos disto, se nos tornaremos melhores pessoas? Mais focados no nosso eu verdadeiro, mais solidários, mais presentes na nossa única vida…
Hoje celebra-se o dia mundial da Saúde Mental. Um dia de reflexão sobre o muito que existe para fazer para combater o estigma e o preconceito, para que mais pessoas tenham acesso a serviços de qualidade para vencer as doenças que mais peso têm para a sociedade.
O que é a Saúde Mental? 🧐
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere“.
Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspecto vinculado ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com esta perspectiva positiva, a OMS convida a pensar na saúde mental muito para além das doenças e das deficiências mentais.