Um espaço de pensamento e ideias pessoais acerca de saúde mental, quotidiano, crises e alegrias. Por Diogo Guerreiro, Médico Psiquiatra e autor do livro “E quando não está tudo bem?”.
O meu livro “E quando não está tudo bem: como (re)conhecer e agir na ansiedade e depressão” já está na sua segunda edição!
Parece que esta boa recepção traduz a necessidade de compreenderemos o que é isto de estar ansioso ou deprimido e, sobretudo, de como reagir perante estas situações, assim como encontrar formas de prevenir e de saber como lidar.
Fico contente com este sucesso e com o facto de poder ajudar as inúmeras pessoas que contactam com estes problemas.
Já passaram uns bons meses desde a última vez que escrevi aqui no blog… Tem sido um ano agitado, com muito trabalho e algumas atribulações. E, na realidade, a escrita sobre estes temas da saúde mental não tem parado; apenas assumiu uma nova forma.
Ao longo de vários meses tenho dedicado o meu tempo, entre consultas e família, à escrita de um livro focado nas temáticas da ansiedade e da depressão (mas não só!). Espero seja publicado em breve e que seja útil para as pessoas que se confrontam com estas questões, tão prementes nos dias de hoje.
Escolhi um título algo provocador “E quando não está tudo bem?”. Evocando aquela clássica pergunta “está tudo bem?”, que todos os dias fazemos quando cumprimentamos alguém, mas que raramente esperamos que seja respondida com sinceridade. Por vezes não está tudo bem, especialmente quando se está a lidar com problemas de saúde mental (nossos ou de outros que nos são queridos).
É tão importante estar à vontade para falar dos momentos em que não se está bem, tanto como das alturas boas. Todos somos seres humanos, todos temos momentos de fragilidade e vulnerabilidade. Mas, na prática, muitos de nós agem como se mostrar este nosso lado fosse algo vergonhoso. Não é! Partilhar os nossos problemas com alguém é um ótimo passo para resolvê-los. Pedir ajuda quando não está tudo bem deve ser encorajado e não visto como um sinal de fraqueza… a meu ver, é algo muito corajoso.
Chegamos ao fim de um ano atribulado em tantos aspectos. Os desafios continuam, mas vamos aproveitar este momento de celebração e pausa para respirar fundo e… continuarmos. Sem nos esqueceremos de tomar conta de nós em todas as ocasiões. Feliz natal e um próspero ano novo. 🎄 Até 2021! Diogo Guerreiro
Mais um excelente projeto de jovens portugueses, para sensibilizar, remover preconceitos e dar voz às questões de saúde mental. A seguir! Parabéns aos autores. 💪👍🏻
Hoje, após 2 meses de teletrabalho, vou voltar a estar com os meus pacientes de forma presencial. Manterei sempre a opção de consulta à distânciapara quem o desejar (o que continua a ser o mais seguro para todos). Os consultórios onde trabalho adaptaram-se, segundo as melhoras normas de segurança e trabalhar de máscara vai ser obrigatório.
Diogo Guerreiro em “modo máscara”
Não sou grande fã de ver pessoas com máscara, perde-se algo na comunicação e é necessário alguma intuição sobre o que se passa por detrás da mesma. Mas enquanto existir esta ameaça do vírus, que remédio tenho eu e os meus pacientes.
A boa notícia é que isto será apenas uma fase transitória. A má é não sabermos ao certo quanto tempo.
Mas agora uma coisa é certa: que bem que sabe voltar a falar com pessoas “ao vivo”!
As agendas sofreram algumas alterações, fruto do “novo normal”, sendo as marcações, confirmações e honorários tratados, como habitualmente, pelas clínicas onde trabalho (por telefone ou email):
O Ministério da Saúde criou um microsite dentro do site dedicado à covid-19 dedicado à saúde mental. Mais uma vez reforço: “Não há saúde sem saúde mental”.
Uma sugestão de banda sonora para estes dias quentes…
Gosto muito deste clássico e, apesar dos múltiplos significados que uma música pode ter, acho que esta letra toca num tema que é o “olhar para dentro” e como por vezes isso é tão difícil. Algo que vejo no meu quotidiano, nas consultas, com amigos, comigo próprio. Mesmo que muitas vezes tentemos ignorar sentimentos, emoções, ressentimentos, fragilidades, enquanto não as encararmos elas vão estar sempre a incomodar-nos (tal como o insecto de que o Bono fala).
Bons dias e boas músicas.
DG 2018
“Starin’ at the sun
Afraid of what you’d find
If you took a look inside
Not just deaf and dumb
Staring at the sun
Not the only one
Who’s happy to go blind…
There’s an insect in your ear
If you scratch it won’t disappear
It’s gonna itch and burn and sting
Do you want to see what the scratching brings
Waves that leave me out of reach
Breaking on your back like a beach
Will we ever live in peace?”