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Debate: a saúde mental dos pais

Agora que vem aí o início das aulas, o reboliço do dia a dia (das crianças e dos pais), o tema deste debate vem mesmo a calhar.

Vai ser no auditório sul da Feira do Livro de Lisboa.

Lá estarei eu e a Dra. Joana Martins (pediatra e autora) para um animado fim de tarde.

Convido-vos a participarem.

Abraços

Diogo Guerreiro.

 

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Livro: “O Cérebro – À Descoberta de Quem Somos”

David Eagleman é um neurocientista da Universidade de Stanford nos EUA, que tem o dom de explicar de forma simples coisas altamente complexas.

Li recentemente o seu livro, editado em português pela Lua de Papel.

Posso dizer que “devorei” este livro em dois dias. Gostei imenso da forma de escrita e de como décadas de avanços no estudo do cérebro são resumidas em menos de 200 páginas!

As informações são exatas e apresentadas de forma divertida. O último capítulo é mais especulativo, mas não deixa de ser uma perspectiva muito interessante (em relação ao que o futuro nos reserva nesta área).

É perfeitamente acessível a adolescentes mais velhos (e até faz parte do nosso Plano Nacional de Leitura), podendo servir de base para boas (e pedagógicas) conversas entre família.

Fica aqui a sugestão de leitura.

Boas leituras e boa saúde mental… e, já agora, ler faz maravilhas pelo nosso cérebro.

Abraços

DG

“Porque vemos em câmara lenta em situações de grande tensão? Vemos mesmo a cores? Porque é que diferentes pessoas recordam de maneiras distintas o mesmo acontecimento? A resposta, claro, está toda no cérebro. E o autor mergulha com uma contagiante paixão nos seus mistérios, numa fascinante viagem ao nosso cosmos interior. Explica-nos como tomamos decisões, embarca connosco em desportos radicais, analisa expressões faciais ou erros da justiça e procura responder a questões maiores: Quem somos? O que é a realidade?Uma obra-prima de divulgação científica, com tudo o que de essencial se conhece hoje sobre o cérebro. Quando acabar de ler o livro, vai perceber que o mundo que pensa existir lá fora, afinal só existe dentro de si.”

 

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Boas festas

Desejo a todos um Feliz Natal e uma ótima entrada em 2019. Com paz, serenidade, afetos e partilha.

Até breve e obrigado por estarem aí.

DG 2018

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Publicado por em 21 de Dezembro de 2018 em Natal

 

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10 Outubro: Dia Mundial da Saúde Mental

Dia 10 de Outubro é o dia Mundial da Saúde Mental. Ao longo dos anos este dia tem tido o propósito de chamar a atenção da comunidade para vários aspetos da nossa saúde mental, sendo que este ano o tema é “os jovens e a saúde mental num mundo em mudança”. A este propósito convido a visita à pagina da Organização Mundial da Saúde, onde poderão aprofundar mais este tema: http://www.who.int/mental_health/world-mental-health-day/2018/en/

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A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Saúde Mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere“. Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspeto vinculado ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com esta perspetiva positiva, a OMS convida a pensar na saúde mental muito para além das doenças e das deficiências mentais.

Já anteriormente escrevi um post sobre promoção e prevenção das doenças mentais que pode ser aqui consultado. Mas nunca é demais chamar a atenção para coisas simples que todos nós podemos fazer para melhorar a nossa saúde mental e para prevenir situações mais complicadas no futuro… Aliás este tema foi relevado numa revisão muito recente (de 2018), na prestigiada revista Lancet Psychiatry (se tiverem a possibilidade leiam este artigo que é muito interessante), focando estratégias preventivas ao longo das várias alturas da nossa vida (desde antes do nascimento, até ao início da vida adulta).

Deixo-vos com uma pequena síntese das estratégias preventivas gerais (existem outras para grupos de risco, mas isto fica para outro post), baseadas na evidência científica atual, ao longo do nosso ciclo de vida.

Durante a gravidez e período pós-parto:

  • Boa nutrição
  • Vigilância adequada da gravidez e bons cuidados no parto
  • Promoção de uma boa vinculação entre progenitores e o recém-nascido

Durante a infância e adolescência:

  • Estimulação adequada à idade
  • Refeições (e tempo) em família
  • Treino de estratégias de resiliência
  • Bom clima escolar e familiar
  • Intervenções contra o bullying e outros tipos de violência
  • Boa nutrição
  • Exercício físico regular
  • Bons hábitos de sono
  • Prevenção de abuso de substâncias

Durante a vida adulta:

  • Boa nutrição
  • Exercício físico regular
  • Estratégias de redução de stress crónico
  • Bons hábitos de sono
  • Promoção de redes de suporte social e familiar (prevenir o isolamento)
  • Facilitar o reconhecimento precoce da doença mental e seu tratamento

Em todas as alturas do ciclo de vida:

  • Reduzir as iniquidades sociais e prevenir o desemprego
  • Melhorar a educação e os cuidados na infância
  • Reduzir o estigma associado à doença mental
  • Aumentar a consciencialização da sociedade e dos profissionais de saúde

Que todos tenhamos um bom dia e sempre promovendo a nossa saúde mental.

DG 2018

 

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Ai a minha memória!… Algumas dicas sobre Défice Cognitivo Ligeiro

Saiu este mês uma artigo científico importante relacionado com a temática do Défice Cognitivo Ligeiro:Practice guideline update summary: Mild cognitive impairment. Report of the Guideline Development, Dissemination, and Implementation Subcommittee of the American Academy of Neurology” (disponível de forma integral aqui) Este estudo focou-se nas questões de prevalência, transição para demência e eficácia das várias intervenções (farmacológicas e não farmacológicas).

Sobre isto, deixo algumas informações em forma de perguntas e respostas.

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Salvador Dalí – A Persistência da Memória (1931)

Antes de mais, o que é o Défice Cognitivo Ligeiro (DCL)?

O DCL é uma condição em que o indivíduo apresenta declínio de uma ou mais funções cognitivas (como por exemplo: memória, linguagem, atenção, planeamento executivo, etc.), mas com consequências mínimas para a sua vivência diária. Para o seu diagnóstico é necessário a presença de queixas subjetivas, mas também de uma avaliação objetiva, preferencialmente através de uma avaliação neuropsicológica (que nos dá indicação da extensão do défice e das áreas afetadas).

Porque é que isto interessa?

O DCL pode ser uma forma de apresentação precoce de uma demência (como por exemplo: doença de Alzheimer), embora também possa ser secundário a várias patologias neurológicas, psiquiátricas, doenças sistémicas ou mesmo, a efeitos adversos de certos medicamentos.

Quando não se deteta nenhuma causa secundária que se possa tratar (e isto já é muito importante pois a tendência destes casos é para o agravamento), sabemos que pacientes com DCL são um importante grupo de risco para quadros de demência (situação de défice cognitivo grave, em que a vida diária fica profundamente afetada e, na maioria dos casos, de forma irreversível).

É comum?
Sim. Aumentando a frequência com a idade e sendo mais comum em pessoas com menor grau educacional. Este estudo agrupou vários dados e chegou à seguinte estimativa de prevalência:

  • 60–64 anos: 6.7%
  • 65–69 anos: 8.4%
  • 70–74 anos: 10.1%
  • 75–79 anos: 14.8%
  • 80–84 anos: 25.2%

E quantos casos evoluem efetivamente para demências?

Segundo os dados deste estudo, todos os pacientes com diagnóstico de DCL tem um maior risco de progressão para demência que pessoas com a mesma idade e sem este diagnóstico. Cerca de 15% dos indivíduos com mais de 65 anos e DCL, no espaço de seguimento de 2 anos, evoluíram para um quadro demencial. Apresentando um risco relativo de demência (incluindo doença de Alzheimer) cerca de 3x superior às pessoas sem DCL.

No entanto, alguns casos revertem (ao contrário do que acontece nas demências), ficando sem padrão de défice cognitivo, tendo sido estimado que isto acontece entre 14 a 50% das pessoas.

Infelizmente, apesar de muitos desenvolvimentos na investigação nesta área, ainda não existem biomarcadores que possam prever com precisão quais os doentes que irão evoluir para demência (pelo que análises ou exames de imagem ainda não são úteis para este efeito).

E afinal, o que pode ajudar?

É muito importante a avaliação precisa do caso e a sua monitorização ao longo do tempo (afinal estamos a falar de um grupo de risco para doenças graves). Também muito importante é modificar fatores de risco que são os mesmos para DCL ou para Demências, nomeadamente:

  • Fatores de risco cardiovasculares: sedentarismo, tabagismo, alterações do metabolismo do açúcar (controlo da diabetes), alterações do metabolismo dos lípidos (dislipidémias).
  • Fatores relacionados com o sono: as perturbações do sono estão muito relacionadas com estes quadros (ler mais sobre a importância de uma boa noite de sono)
  • Diagnóstico e tratamento da depressão: a depressão não tratada está associada também a défices cognitivos e a um risco maior de DCL e demência.
  • Rever medicamentos que possam interferir com a cognição.
  • Fatores dietéticos: muitos idosos apresentam uma nutrição com falhas que poderá estar associada a pior prognóstico. Uma alimentação diversificada, incluindo vegetais, fruta e peixe, é fundamental.

Infelizmente nenhum medicamento (incluindo os medicamentos utilizados nas demências) demonstrou ser eficaz para a prevenção da evolução para demência.

Por outro lado, algumas estratégias não farmacológicas, mostraram resultados muito promissores (ao nível de ajudarem na prevenção), nomeadamente duas:

  • Exercício físico regular.
  • Treino cognitivo.

Ou seja, mais uma vez a velha máxima mente sã em corpo são se aplica, não sendo demais salientar a importância do desporto (estimular o corpo) e de treinar o cérebro (estimular o mente).

Abraços

DG 2018

 

 

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