Um espaço de pensamento e ideias pessoais acerca de saúde mental, quotidiano, crises e alegrias. Por Diogo Guerreiro, Médico Psiquiatra e autor do livro “E quando não está tudo bem?”.
Hoje recebi este desabafo de um paciente que sigo. 😤
😔 Fiquei triste por ver como alguém, em pleno século XXI, é discriminado de uma atividade por ter “um problema psiquiátrico ”! Certamente que esta “família” é muito tóxica. 😤
👉 Tanto que há a fazer para combater o estigma e a falta de literacia em saúde mental.
📖 No livro que escrevi escrevi “E quando não está tudo bem” tenho um capítulo inteiramente dedicado a este tema.
‼️Não há saúde sem saúde mental. Ajude, não seja um obstáculo.
🎄🎅 O Natal e o ano novo, são épocas de balanços e de conexões. Para algumas pessoas são alturas de bem-estar, de relaxamento e bonitas. Para outras são alturas difíceis, de solidão ou de confrontos emocionais. Para outras são uma mistura disto tudo, nada há que seja “a preto e branco”.
Há muito tempo que não desejo boas festas aos meus pacientes. Digo-lhes apenas “as melhores festas possíveis”.
Tentar aproveitar o que há de bom, reconhecendo as coisas menos boas e sendo simpáticos para nós mesmos (não tentando estar “bem à força” porque é “suposto” estarmos felizes nesta altura do ano).
E era isto que vos queria deixar neste espaço virtual. Desejos de as melhoras festas possíveis.
Eu, pessoalmente, adoro receber livros: romances, ensaios, BD, divulgação científica, tanto faz! É tão bom o cheiro de um livro novo (e não me venham dizer que num tablet é a mesma coisa 🧐)!
Estou a alguns dias das minhas férias 😎. E bem que estou a precisar! Quantos de nós já estão a “andar na reserva” nesta altura do ano?
O trabalho é importante, mas igualmente importantes são os momentos de pausa. Mais uma vez, se não estivermos bem connosco não estamos bem para os outros. Quando estamos cansados o nosso rendimento e capacidade cognitiva ficam muito aquém do ideal.
No meu caso, é sempre complicado gerir as agendas e as urgências que surgem em qualquer altura. Claro que planeio, aviso os meus pacientes, tenho alguns colegas para me substituírem. Mas, em alguns casos será um inconveniente (que lamento, embora não possa fazer nada a esse respeito).
Naturalmente, as pessoas gostariam que os médicos fossem “super-homens” (ou “super-mulheres”), que estivéssemos sempre disponíveis, que não precisássemos de férias ou que nunca estivéssemos doentes… só que não somos assim. 😉 somos simplesmente humanos.
Assim sendo estarei mais indisponível durante uns tempos, para depois regressar em força, descansado e com toda a capacidade de continuar a fazer o meu trabalho, com a qualidade e o gosto que quero manter. 👌🏻
Estarei também mais desligado das redes sociais (onde também devemos por pausas de vez em quando).
Aproveito para desejar a todos umas boas férias, se for caso disso (espero que sim 😊). E quem não tiver férias aproveite este sol, e as nossas paisagens, pratique autocuidado, socialize… trate bem de si!
Ontem ouvi uma figura pública dizer, perante uma enorme plateia de pessoas, no Nos Alive, que “por vezes não está ok”! E mais, o Dan Reynolds, vocalista da extremamente bem sucedida banda Imagine Dragons🤘🏻🎶, acrescentou:
👉 “Que devem falar quando estão em baixo, a um amigo, familiar ou, se precisarem com um profissional”
👉 “Que eu tenho um terapeuta, e não sinto qualquer vergonha e vocês também não devem sentir”
💪 “Que não é ser fraco pedir ajuda, é muito corajoso”
👉 E a seguir dedicou a música “It’s Okay (not to be okay)”, às crianças e jovens presentes, para que vivam num mundo melhor em que possam ser quem são e estar como estão, que saibam que às vezes não está tudo bem, mas não faz mal, é possível superarmos se formos verdadeiros com nós próprios!
E é assim, com o apoio de figuras públicas, que se vai falando de saúde mental 🧠💪😉, de maneira eficaz e com grande impacto….
📖 Falo disto no meu livro “E quando não está tudo bem”
🤩 Venham daí mais histórias de superação!
Thanks @danreynolds for openly talking about mental health awareness! 👏🧠
Em consulta, uma jovem que sigo disse-me que tinha um síndrome que alguém já deveria ter colocado nas classificações psiquiátricas: o complexo de princesa 👸 da Disney.
Que este “complexo” fazia com que andasse sempre à procura daquele amor seguro ❤️, em que tudo corre como é suposto e acaba feliz para sempre. Mas que os príncipes encantados da vida real acabam sempre por desiludir. Pior que isso, até por a magoar (e abandonar)! 💔
E é injusto 😞, pois ela fazia tudo por estes príncipes… até deixar de ser quem era para os agradar e os deixar felizes.
⚠️ Erro número 1: nós não somos responsáveis pela felicidade dos outros. Mas somos, e muito, pela nossa. 😉
Claro que é possível ajudar “o outro” a ser mais feliz… mas mesmo com todos os esforços isso pode não acontecer, porque a felicidade é algo que se tem de procurar (e estar atento) por si próprio.
Também achava que este príncipes a iriam “salvar”, dos seus traumas, das suas inseguranças ou da sua tristeza. Algo que acabava sempre por acontecer de forma oposta ao desejado: ainda saía mais triste, mais traumatizada, mais insegura.
⚠️ Erro número 2: os “outros” até nos podem ajudar (ou desajudar), mas, em última análise, não precisamos de nenhum príncipe (ou princesa) para nos soltar da terrível torre, onde estamos aprisionados pelo temível dragão (das nossas inseguranças e dificuldades). Cada um de nós tem a chave do castelo e pode sair pela porta da frente de cabeça erguida. 😉
A meu ver, para uma relação afetiva funcionar tem de basear-se em algumas coisas: respeito, honestidade, equilíbrio (não pode haver um salvador e uma princesa indefesa), e, claro, afetos genuínos.
Até podemos encontrar um “príncipe encantado”, mas temos também de encontrar “a princesa encantada” dentro de nós… e não será sempre tudo perfeito (isso é só nos filmes)… e nunca teremos a certeza que seremos “felizes para sempre”. Mas se formos honestos, se praticarmos uma boa comunicação, se nos valorizarmos, se tratarmos bem de nós (e, consequentemente, dos outros), pode acontecer a “magia”. 👫👭👬
Abraços
Diogo Guerreiro
PS: Para quem quiser aprofundar mais este tema aconselho o livro “Psicanálise dos contos de fadas” do autor Bruno Bettelheim.
🗓 No próximo sábado estarei na festa do livro de Belém, dia 4/Junho, pelas 11h (para começar bem o dia), com a Carmen Garcia (aka @maeimperfeita), numa conversa sobre Saúde Mental 🧠 e Imperfeições! 😅
👉 Vai ser, com certeza, um momento bem divertido e, talvez, se fale de um ou outro assunto mais sério.
Vamos ver o que acontece quando se junta uma mãe (e enfermeira) 🧑⚕️imperfeita a um psiquiatra (e pai) 👨⚕️imperfeito. Está-se mesmo a ver: uma coisa mesmo “mal-amanhada”. Mas, na realidade, até que pode correr bem (ou não)… mas nada como estar lá para ver! 😉
E, claro, estarei disponível para dedicatórias e autógrafos do meu livro: “E quando não está tudo bem? Como (re)conhecer e agir na ansiedade e na depressão”. ✍️
Para além disso, os Jardins do Palácio de Belém são lindos e já tínhamos saudades desta iniciativa do nosso presidente Marcelo Rebelo de Sousa. 🇵🇹👍 (desde 2019 que, devido à pandemia, não tínhamos esta oportunidade de lá celebrar a cultura e os livros)!