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Arquivo da Categoria: Cinema e Psiquiatria

Promoção da Saúde Mental e Prevenção das Doenças Mentais

mens-sana-in-corpore-sano.jpgMens sana in corpore sano (“mente sã num corpo são”) é um aforismo muito antigo, atribuído ao poeta romano Juvenal. No entanto, nos dias que correm, observo que pouca importância tem sido dado à parte “mente sã”, pelo menos quando comparando com a outra porção deste aforismo, o “corpo são”. Quantas campanhas estão em curso para a promoção da Saúde Mental? Poucas, insuficientes, na minha opinião. Isto torna-se ainda mais visível quando nos tentamos lembrar das campanhas de promoção do “corpo são”, desde as campanhas que promovem o exercício físico, passando pelas que promovem uma alimentação saudável e chegando até outras como a prevenção do consumo de tabaco e álcool.

Poderá argumentar-se que estas campanhas, mais ligados à parte do corpo, estejam indissocialvelmente ligadas à saúde mental. E isto é verdade, pois sabemos que o exercício físico, a boa nutrição e a prevenção do consumo de substâncias, estão ligados a uma boa saúde mental e à prevenção das doenças mentais; no entanto, a minha impressão é que estas campanhas raramente focam o conceito de Saúde Mental e a importância das mesmas para prevenir as doenças mentais ou promover a Saúde Mental do indivíduo. Será uma questão de preconceito? De estigma? Do receio de falar das doenças mentais? Infelizmente, creio que sim.

Porque é importante promover a Saúde Mental e prevenir as Doenças Mentais?

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS): cerca de 450 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de uma doença mental; 1 em cada 4 pessoas irá desenvolver uma perturbação mental ao longo da sua vida; a nível global 5 das 10 causas principais de incapacidade e morte prematura são doenças psiquiátricas. Estima-se que em 2030 uma doença mental, a Depressão, irá ser a principal causa de incapacidade e morte prematura, acima de outras patologias como as doenças cardiovasculares, as doenças respiratórias, a diabetes, as doenças infecciosas, etc.

É interessante refletir na quantidade de campanhas de prevenção que se focam na prevenção da doença cardiovascular, das doenças respiratórias, da diabetes, quando comparadas com aquelas que se focam na prevenção da depressão. Não digo que isto é mau por si, ainda bem que se está a prevenir a doença e a melhorar a saúde das pessoas (em certas áreas)… Mas porquê negligenciar as doenças mentais? Fica a questão.

Dados do “Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental“, realizado por investigadores da Faculdade de Ciências Médicas (NOVA), indicam que em Portugal 22.9 % da população sofre de alguma perturbação psiquiátrica, pondo-nos no “pódio” dos países europeus e apenas ligeiramente abaixo das estimativas para os Estados Unidos. Esta investigação refere ainda que entre 34 a 82% destas pessoas doentes, não recebe tratamento adequado (sendo o valor mais alto para as “perturbações ligeiras” e o valor mais baixo para as “perturbações graves”). Um cenário, a meu ver, preocupante… Que deveria levar a maior ação por parte dos nossos decisores em Saúde e da Sociedade em geral.

Os dados são conclusivos, os problemas de saúde mental representam um grave problema de saúde pública. Os custos diretos (despesas assistenciais) e indiretos (por exemplo: baixas por doença, incapacidade permanente, morte prematura) atingem uma magnitude preocupante. Por isso a OMS recomenda, desde há muito tempo, que “de forma a reduzir o peso e as consequências das perturbações mentais, tanto a nível de saúde, como social e económico é essencial que os países prestem maior atenção à prevenção da doença mental, assim como à promoção da saúde mental”.

Afinal o que é a Saúde Mental?

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Saúde Mental como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere“.

Nesta definição, a “saúde mental” é entendida como um aspecto vinculado ao bem-estar, à qualidade de vida, à capacidade de amar, trabalhar e de se relacionar com os outros. Com esta perspectiva positiva, a OMS convida a pensar na saúde mental muito para além das doenças e das deficiências mentais.

Quais as diferenças entre Promoção da Saúde Mental e Prevenção das doenças mentais?

A Promoção da Saúde é o processo que permite capacitar as pessoas a melhorar e a aumentar o controle sobre a sua saúde (e seus determinantes – sobretudo, comportamentais, psicossociais e ambientais). Parte de um “paradigma salutogénico”, ou seja, valoriza os factores que interferem positivamente na saúde levando a medidas que não se dirigem a uma determinada doença ou desordem, mas servem para aumentar a saúde e o bem-estar gerais. Enfatiza a transformação das condições de vida e de trabalho que conformam a estrutura subjacente aos problemas de saúde, demandando uma abordagem intersectorial.

Por outro lado a Prevenção da Doença visa diminuir a probabilidade da ocorrência de uma doença (incidência), assim como tratar a doença ou reparar a incapacidade (prevalência) e atenuar os seus efeitos ou futuras consequências. Parte de um “paradigma patogénico”, valorizando os fatores que interferem negativamente na saúde. As ações preventivas definem-se como intervenções orientadas a evitar o surgimento de doenças especificas, reduzindo sua incidência e prevalência.

Sobretudo nas intervenções mais básicas, os conceitos são em parte sobreponíveis, vejamos o exemplo de uma campanha de prevenção do tabagismo, poderá tratar-se de uma medida de Promoção da Saúde (quando o objetivo principal é melhorar a saúde como um todo) ou de Prevenção de Doença (quando o objetivo principal é a redução da incidência de doenças pulmonares, por exemplo).

Tanto os programas de Promoção como as estratégias de Prevenção tem como alvo interferir nos chamados “determinantes de Saúde Mental” ou, mais vulgarmente, nos fatores de risco e nos fatores protetores. Ambos podem ser de natureza individual, familiar, ambiental ou socioeconómica.

A tabela 1 dá-nos um relance dos principais determinantes sociais, ambientais, económicos de Saúde Mental.

Fatores de risco Fatores protetores
Acesso fácil a drogas e álcool Interações sociais positivas
Isolamento/ Alienação Participação social
Falhas a nível de educação, alojamento, transportes Tolerância social
Desemprego Integração de minorias étnicas
Guerra/ Violência Bons serviços de suporte social
Descriminação/ Racismo Empowerment
Deficiente nutrição
Rejeição por pares
Stress laboral
Desigualdades sociais

Tabela 1: Determinantes sociais, ambientais, económicos de Saúde Mental. Esta não é uma lista exaustiva dos determinantes, apenas uma seleção.

A tabela 2 dá-nos um relance dos principais determinantes individuais ou familiares de Saúde Mental.

Fatores de risco Fatores protetores
Abuso ou negligência infantil Adaptabilidade
Abuso ou negligência no idoso Autonomia
Uso excessivo de substâncias Literacia
Exposição à violência, agressão ou trauma Interação positiva pais-filho
Doença física Apoio social de família e amigos
Falta de competências sociais Boa autoestima
Acontecimentos de vida stressores Boa capacidade de lidar com o stress
Doença mental parental Prática de exercício físico
Complicações na gravidez ou no parto Estimulação cognitiva da nascença à velhice

Tabela 2: Determinantes individuais ou familiares de Saúde Mental. Esta não é uma lista exaustiva dos determinantes, apenas uma seleção.

Como podemos observar das tabelas acima, existem inúmeros determinantes que poderiam ser alvo de programas de promoção e prevenção na área da Saúde Mental. Estes determinantes gerais, são comuns a vários problemas de saúde mental/ doenças mentais, pelo que intervenções dirigidas a estes fatores genéricos podem levar a elevada abrangência de efeitos preventivos.

Alguns exemplos de estratégias de Promoção e de Prevenção Primária Universal

Para melhorar a Saúde Mental como um todo, é necessário investir em programas de Promoção e de Prevenção (não seletiva, ou seja, universal), que são, neste caso, muito sobreponíveis. Deixo aqui alguns exemplos do documento da OMS (2004), Prevention of mental disorders : effective interventions and policy options:

  • Melhorar a nutrição: tem como efeitos um desenvolvimento cognitivo saudável; melhoria dos resultados educacionais e redução do risco de doenças mentais;
  • Melhorar condições de habitação: demonstrou-se que melhor as condições de habitação melhora os resultados de saúde (física e mental);
  • Melhorar a acessibilidade à educação: verificou-se que medidas a este nível levam a maior proteção contra doenças mentais, através de melhoria das competências sociais, intelectuais e emocionais;
  • Reduzir insegurança económica: a insegurança económica é um fator de stress major e de forma arrastada pode levar a aumento do consumo de substâncias, maior risco de depressão e de suicídio. Intervenções a este nível podem prevenir estas consequências;
  • Reforçar as redes sociais: através do envolvimento de vários elementos do sistema (política, media, escolas, profissionais de saúde, comunidades de cidadãos, etc.), levando a empowerment, sentido de pertença e autoconfiança dos indivíduos;
  • Reduzir o dano causado por substâncias aditivas: quer através de maior taxação, ou limitando anúncios ou restringindo o seu acesso (por exemplo: limites de idade legais mais elevados), levam à prevenção das perturbações de abuso de substâncias e consequentemente de outras perturbações mentais.

Estes são só alguns exemplos de programas, que como podemos verificar, só são possíveis de aplicar através de uma abrangente colaboração entre as vários estruturas da sociedade.

Um exemplo de prevenção específica, o caso da depressão.

Como referido anteriormente, a depressão é uma das principais causas de incapacidade e morte prematura. É fundamental prevenir e tratar precocemente os estados depressivos. Mais uma vez existem estratégias comprovadas tanto de aplicação universal (intervenções dirigidas a uma população ou grupo populacional, geral, não identificado com base no risco aumentado), como de prevenção seletiva (em que o alvo são indivíduos ou subgrupos da população cujo risco de desenvolver doença mental é significativamente maior que a média) ou de prevenção indicada (cujo alvo são indivíduos de alto risco, identificados como tendo sintomas ou sinais “mínimos”, indicadores de provável desenvolvimento de doença mental).

A título de exemplo ficam aqui algumas estratégias de prevenção universal da depressão, de acordo com a faixa etária:

  • Crianças e adolescentes: Programas em meio escolar, reforçando perícias cognitivas, de resolução de problemas e sociais;
  • Adultos: Programas de gestão do stress e conflitos no local de trabalho; programas de promoção exercício físico; pprogramas de aumento da literacia em saúde mental;
  • Idoso: Programas de “envelhecimento ativo”, focando no exercício/ estimulação cognitiva e evitando o isolamento.

 

Resumindo e concluindo.

Os problemas de Saúde Mental são muito frequentes e estão associados a elevada incapacidade e morte prematura. É essencial investir na promoção da saúde mental e na prevenção das doenças mentais, sendo que muito pode ser feito a este nível. Desde medidas que focam a Saúde Mental como um todo abordando os seus determinantes gerais, até estratégias muito específicas que abordam apenas um problema e os seus fatores de risco e protetores específicos.

No entanto, para isto acontecer, é necessário a vontade de todos, desde os decisores na área da Saúde, passando pelos técnicos de Saúde (não só Mental) e claro, das associações de doentes e seus familiares, assim como de vários grupos de influência na sociedade. E claro, para que isto aconteça, é obrigatório que exista literacia em Saúde Mental, não podemos avançar neste campo enquanto os preconceitos, os mitos e as ideias erradas o dominarem.

DG 2016

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Divulgação: Filme premiado sobre saúde mental em estreia

MUPI_Português_V4.2Divulgo esta informação que recebi e que me parece muito interessante; uma sugestão para os cinéfilos e não só:

Pára-me de repente o pensamento” de Jorge Pelicano, é um documentário cinematográfico que mostra uma visão pouco explorada sobre o mundo da doença mental através do olhar do ator Miguel Borges, que submergiu durante três semanas, na realidade do Hospital Psiquiátrico Conde de Ferreira (Porto) para a preparação e pesquisa de uma peça de teatro sobre a loucura. O ator acaba por integrar o grupo interno do teatro terapêutico constituído por alguns utentes que ensaiam uma peça a propósito dos 131 anos da instituição hospitalar.

A Miguel Borges é atribuído o papel de Ângelo de Lima, um poeta louco, criador do poema “Tédio”, publicado na revista Orpheu e que explora o “eu” esquizofrénico do autor naquilo que é um impressionante testemunho da “entrada na loucura”, como afirmou Fernando Pessoa.

“Pára-me de repente o pensamento” pretende contribuir para derrubar estigmas em torno da doença mental permitindo ao público, através dos testemunhos dos utentes na primeira pessoa, abordar: o lado humano, o irracional, o emocional e todos os outros lados que, afinal, constituem a complexidade humana.

Vencedor de vários prémios nacionais (Grande Prémio, Melhor Realizador, Prémio do Público nos Festival Caminhos do Cinema Português) o documentário continua a marcar presença em festivais internacionais.

O filme estreia oficialmente dia 7 de Maio numa sessão única no Teatro Nacional São João (Porto) que conta com a presença do realizador Jorge Pelicano e protagonistas. Durante a semana de 7-13 Maio, o filme terá exibições regulares no UCI Arrábida Shopping (Gaia) e Cinema City Alvalade (Lisboa).

Ambos os cinemas aderiram aos dias internacionais da “Festa do Cinema”. 11, 12 e 13 Maio os bilhetes são a um preço reduzido de 2,5€.

7 Maio I Teatro Nacional São João (Porto) I 21h (sessão de estreia com a presença do realizador)

7-13 Maio I UCI Arrábida Shopping (Gaia)

7-13 Maio I Cinema City Alvalade (Lisboa)

Website: http://www.paramederepenteopensamento.com

 

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Dicas psiquiátricas para se tornar no próximo “dono disto tudo”

Se o seu desejo secreto é tornar-se num CEO de um grupo económico perito nas artes da fraude fiscal, ou se quer ser o líder de uma “corporação do mal”, ou se se quer tornar num “polvo politico” cujo os tentáculos se estendem aos mais remotos buracos da sociedade, ou  quiçá, ser o próximo empreendedor de sucesso especializado em esquemas piramidais; então este artigo é para si!

corruption

Não se trata de uma tarefa fácil desenvolver as características pessoais necessárias para um objectivo de tal porte, apenas ao alcance de uma pequena casta… mas se o seu objectivo é “viver acima das suas possibilidades, mas dizendo que os outros é que são uns malandros”, então está na altura de optimizar os seus traços de personalidade antissocial!

Nao é necessário possuir particular inteligência, beleza ou mesmo capacidade de comunicação, mas existem algumas características que vai ter de treinar intensamente (de preferência desde a infância ou adolescência) para chegar a tão almejado objectivo. Aqui fica o seu plano de treinos:

  1. Perca a sua capacidade de empatia (ou seja a capacidade de se por no lugar dos outros). Só assim poderá desprezar os direitos e os sentimentos dos outros, algo de extrema importância para o desenvolvimento do seu psicopata interior!
  2. Treine a arte da manipulação. Comece desde cedo, como criança, sempre a exigir mais um brinquedo. Torne-se num adolescente insuportável, perito em “criar tricas” ou um bully exemplar. Em adulto explore os outros para obter benefício material ou gratificação pessoal.
  3. Treine a resolução de conflitos de forma impulsiva e irresponsável. Não tolere qualquer frustração, seja hostil e violento. É um bom indicio envolver-se em “pancada” enquanto jovem para resolver os seus problemas. Quando tirar a carta de condução insulte os outros condutores e se lhe passarem à frente persiga-os, obrigue-os a parar e saque do seu taco de baseball.
  4. Treine a arte de não sentir remorsos ou culpa. Apesar de poder perceber que causa problemas ou dificuldades aos outros pelo seu comportamento antissocial, tente racionalizar cinicamente o seu comportamento ou (de preferência) culpe os outros. Se por acaso tiver problemas com a policia, ou antes disso com os pais ou com os professores, faça tudo menos modificar o seu comportamento.
  5. Abuse de substâncias. Se quiser mesmo aperfeiçoar os seus traços de personalidade antissocial, terá mesmo que se tornar alcoólico ou toxicodependente (de preferência seja também dealer).

Bom, aqui fica a minha contribuição. Espero que quando tiver sucesso na sua escalada dos degraus da influência e do poder, se lembre de mim e me arrange um belo tacho, OK?…

PS: Fica aqui um link para um artigo da Forbes que me parece muito apropriado – “Why (Some) Psychopaths Make Great CEOs

DG 2014

 

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ri(Age) 2014: o Concurso de Vídeo

Divulgo este projecto, merecedor da mais cuidada atenção e que aplaudo: são precisas mais e mais iniciativas deste género.

ri(Age) 2014 - concurso videori(Age) 2014 é um projeto na área da Saúde Mental, desenvolvido e dinamizado pela FNERDM em parceria com as associadas AEIPS, ARIA, ASMAL, CHPL, GAC, GIRA e Oportunidades APPASM. O ri(Age) 2014 decorrerá até 31 de Dezembro de 2014 , e tem como principal objetivo contribuir para a inclusão social de pessoas com experiência em doença mental, através da realização de atividades que promovam:

  • A capacitação e melhoria das competências pessoais e sociais, nomeadamente a autodeterminação, o potencial de crescimento do indivíduo e o desenvolvimento de capacidades;
  • O envolvimento da pessoa através da participação ativa;
  • O foco na comunidade como fator chave de inclusão.

No âmbito dos objetivos supramencionados, a FNERDM informa que já está a decorrer a primeira ação do ri(Age) 2014: o Concurso de Vídeo, o qual inicia a 23 de Junho e termina a 9 de Setembro de 2014. Este concurso tem como objetivo contribuir para a valorização e divulgação de uma imagem positiva das pessoas com experiência de doença mental, através da apresentação de vídeos com testemunhos de inclusão social.

Aqui poderão obter mais informação:

Facebook ri(Age) 2014

Páginas oficiais da FNERDM:

www.fnerdm.pt

https://www.facebook.com/Fnerdm?fref=ts

Mais uma vez… Excelente iniciativa… Participem!

Abraços a todos

DG 2014

 

 

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10 de Outubro – Dia Mundial da Saúde Mental

No dia 10 de Outubro comemora-se o Dia Mundial da Saúde Mental. A data, criada pela Federação Mundial para a Saúde Mental, tem como objetivo principal centrar a atenção pública na Saúde Mental global, como uma causa comum a todos os povos, para além de limites nacionais, culturais, políticos ou socioeconómicos.

Várias associações estão a organizar eventos, neste importante dia, como forma de captar a atenção do público para a importância de promover uma Boa Saúde Mental!

A Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais (www.fnerdm.pt), como forma de assinalar este dia, convida todos a participarem na sua campanha de sensibilização e anti-estigma: “Mude a Sua Atitude Face à Doença Mental”!

Mude a Sua Atitude Face à Doença Mental

Esta campanha tem como objectivos:

  • Criar um símbolo de sensibilização face à Doença Mental;
  • Promover o debate e participação da população em geral em volta do tema da saúde e doença mental;
  • Promover o apoio às pessoas com doença mental assim como às suas famílias e entidades que trabalham nesta área.

simbolo mude a sua atitude

Para se juntar e apoiar a esta causa basta, durante o mês de Outubro, colocarem o símbolo desta campanha nas vossas fotos de perfis nas redes sociais (facebook, skype, messenger, etc.) que poderá ser acompanhada da Frase: “Neste mês de Outubro Apoie a Saúde Mental“.

Fica aqui o símbolo que podem descarregar para utilizar nas redes sociais.

Outra iniciativa que acho merecer destaque é a da DGS – Programa Nacional para a Saúde Mental, que promove uma iniciativa cultural nas áreas artísticas de pintura, fotografia e escultura, procedendo-se à inventariação, registo e divulgação nacional de património produzido por utentes de serviços de saúde mental, públicos e/ou sociais.

Para se garantir a qualidade da iniciativa contou-se com a colaboração de profissionais conceituados nas áreas artísticas referenciadas, sendo os totais de obras sinalizadas pelas instituições envolvidas de 1262 pinturas, 589 peças escultóricas e 328 fotografias! A par do levantamento, fixado num catálogo, far-se-á uma exposição nacional, a inaugurar no Dia Mundial da Saúde Mental (10 de outubro) no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto), com o Alto Patrocínio do Secretário de Estado da Cultura, que, de 24 de outubro a 4 de novembro, transitará para o Museu do Oriente, em Lisboa. Ver mais em no site da DGS.

Hidden Pictures

A nível mais global, a Gulbenkian Global Mental Health Platform promove a visualização do filme premiado Hidden Pictures. Ligue-se no dia 10 de Outubro a  http://bit.ly/hidpicsfilm para ver o Hidden Pictures e junte-se ao diálogo global sobre Saúde Mental.

Não é possível haver Saúde sem Saúde Mental!

DG 2013

 

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Guia para um final feliz

guia p final felizSó recentemente vi o filme “Silver Linings Playbook” (ou “Guia para um final feliz”), uma obra a meu ver muito feliz, com óptimas actuações, destacando-se claramente a Jennifer Lawrence que ganhou o Oscar de melhor actriz principal.

Retrata a história de um indivíduo com uma suposta doença bipolar, o Pat (Bradley Cooper). O filme inicia-se com o seu regresso a casa após um internamento de origem judicial por agressão ao amante da sua ex-mulher. Logo nas primeiras cenas o cenário é de “caos familiar“, para além de Pat, vários elementos são retratados pela presença de sintomas psiquiátricos. O pai (Robert DeNiro) apresenta traços obsessivo-compulsivos caracterizados por jogo patológico, superstições (ou pensamento mágico em jargão psiquiátrico) e algumas dificuldades no controlo da raiva. A mãe (Jacki Weaver) é uma mulher passiva, que tenta em vão equilibrar a instabilidade do filho e do marido através de sorrisos forçados e comidas caseiras.

Como seria de esperar esta família acaba por “rebentar”, numa cena muito realista em que o pai e o filho entram em conflito físico e em que a mãe é acidentalmente magoada. É a partir desta base, como qualquer bom filme de Hollywood, que o filme parte numa sequência de eventos que irão levar ao tão procurado final feliz!

Um elemento externo surge nesta família, a Tiffany (Jennifer Lawrence), que é também uma personagem atormentada pelo fantasma da morte do ex-namorado que morreu num acidente de viação durante o qual ela ia a conduzir, que acaba por representar os indivíduos com processos de luto patológico (com sentimentos de culpa marcados, incapacidade para seguir em frente e alguns sintomas de stress pós-traumático – que se expressam bem na sua incapacidade para conseguir ligar-se a outro homem).

As representações das doenças psiquiátricas neste filme são razoáveis, o diagnóstico de bipolaridade ao olhar de um psiquiatra parece duvidoso, manifestando-se apenas por comportamentos agressivos e crises de irritabilidade. No entanto o filme foca coisas muito importantes como a necessidade de um seguimento adequado, com um médico em quem se confia (e como isso pode ser difícil no inicio), foca a importância e dificuldade de tomar medicação psiquiátrica, etc. Não levanta muitos preconceitos relativos à psiquiatria (aliás o Médico Psiquiatra até se torna amigo do Pat) o que é bom.

Mas na realidade o que interessa isso? É um filme bem disposto, em que se mostra como em alturas de crise lutar por um objectivo, aceitar ajuda de amigos e da família e, não desistir, podem levar aquilo a que todos procuramos: Um final feliz!

(e a cena final no concurso de dança é espectacular!!)

Recomendo

DG 2013

PS: Para ler mais sobre doença bipolar: http://www.alterstatus.com/pt/doenca-bipolar

 

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O Grande Gatsby

greatgatsbyEsta semana fui ao cinema ver “O Grande Gatsby“, adaptação cinematográfica da clássica obra do escritor americano F. Scott Fitzgerald e realizado por Baz Luhrmann (conhecido pelos filmes Australia, Moulin Rouge e Romeo + Juliet).

Gostei do filme, especialmente no que toca ao visual e à sonoridade. Os “loucos anos 20” são retratados numa visão moderna de irreverência e excentricidade. Como é difícil apostar em tudo senti que o argumento ficou um pouco desvalorizado, embora a história tenha ficado agradável falta-lhe qualquer coisa para tornar o filme numa verdadeira obra-prima.

Puxando “a brasa à minha sardinha”, o tempo presente do filme passa-se num hospital psiquiátrico (daqueles antigos, enormes e assustadores) em que o amigo do Grande Gatsby – Nick Carraway (Tobey Maguire) – está internado após um “colapso nervoso”, que se supõe consequência das intensas experiências porque passou com o seu amigo Gatsby. O psiquiatra (que não existe no romance original) estimula-o a falar (e a escrever) sobre o que se passou… e assim se desenrola a acção do filme baseada nas suas memórias. A personagem do psiquiatra, como se esperava, é bastante cliché… algo enigmática, formal,  aérea… fala com o seu doente enquanto faz jardinagem… mas revela-se uma boa pessoa, interessada e que consegue “dar a volta ao seu paciente”. Neste caso parece-me que se afigura como o típico “psiquiatra simpático”!

Deixo aqui um link interessante sobre “a psicanálise do Grande Gatsby“, para os mais curiosos!

Apesar de não ser uma obra-prima não deixo de recomendar este filme!

Bons filmes

DG

2013

 

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As cores de uma psicose

Descobri esta fantástica animação: Caldera (2012) realizada por Evan Viera.

Sinopse: Através dos olhos de uma rapariga que sofre de uma doença mental, Caldera dá um vislumbre do mundo da psicose, explora uma realidade ambígua e a natureza da vida e da morte.

Segundo o realizador este filme é inspirado na luta do seu pai com a doença mental de que sofria: uma perturbação esquizo-afectiva. Nas palavras do realizador: “Nos seus estados de delírio, o meu pai dançava nos anéis de Saturno, falava com os anjos, fugia dos seus demónios. Vivia num mundo ao mesmo tempo fantástico e assustador… mas isso era invisível para a maioria de nós. Caldera tem como objectivo não só honrar o meu pai, mas todas as mentes brilhantes que habitam nas profundezas fantasmagóricas da psicose“.

Vale a pena.

Caldera (2012) from Evan Viera on Vimeo.

Abraços

DG 2013

 

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Hannibal ou o mito dos psicopatas inteligentes

Adoro séries, confesso… Se existisse uma perturbação de dependência de séries acho que estaria tramado!

Vai estrear uma série que desperta a minha curiosidade: Hannibal. Nada como um “Psiquiatra psicopata canibal” para acelerar o nosso ritmo cardíaco…

Hannibal_LecterNo filme “O silêncio dos inocentes” o Dr. Hannibal Lecter é interpretado pelo fantástico actor Anthony Hopkins e é, sem dúvida, uma das personagens mais memoráveis da cultura cinematográfica americana. O Dr. Lecter é um psicopata (perturbação de personalidade anti-social) caracterizado pelo seu charme superficial, capacidade de manipulação, falta de remorsos e de empatia para com as suas vítimas. Outra das suas características é uma inteligência fora de série, capaz de enganar as autoridades policiais.

No entanto esta personagem ficcional afasta-se muito da realidade. O que os estudos nos dizem é que pessoas com traços anti-sociais de personalidade (i.e. falta de remorsos, falta de empatia, incapacidade de se responsabilizar pelos seus actos, impulsividade, comportamentos anti-sociais na idade adulta) apresentam menor QI verbal.

(ver: DeLisi M et al. The Hannibal Lecter Myth: Psychopathy and Verbal Intelligence in the MacArthur Violence Risk Assessment Study. Journal of Psychopathology and Behavioral Assessment. June 2010, Volume 32, Issue 2, pp 169-177)

Ainda bem, ficamos mais descansados!

Boas séries.

Abraços

DG 2013

 

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